A imprensa local, que esperava apedrejar uma mulher pobre, foi surpreendida com as imagens que flagraram um homem, aluno de medicina, descartando o bebê no lixo
Um bebê de 30 semanas foi encontrado em uma caçamba de lixo por um catador de materiais recicláveis na manhã desta quarta-feira (22) na cidade de Cabedelo, região metropolitana de João Pessoa (PB).
Muito se especulou sobre os responsáveis pelo caso, até que imagens de câmeras de segurança de um condomínio revelaram o que aconteceu. O vídeo mostra o momento em que um rapaz descarta na lixeira uma sacola plástica com uma caixa dentro. O corpo do bebê estava dentro da caixa.
De acordo com a polícia, quem aparece nas imagens é o estudante de medicina Eldyr Gomes, de 21 anos. A mãe da criança, segundo o portal Polêmica Paraíba, seria a também estudante de medicina Suelen Laise, de 22 anos. Os dois são alunos de uma faculdade particular.
Em depoimento na delegacia, a mãe de 22 anos justificou que só descobriu a gravidez no início de março, porque não apresentava sinais típicos. Ela afirmou ainda que as duas famílias não poderiam saber da gestação pois temia a reação dos familiares.
Segundo a delegada Luiza Correia, os estudantes de medicina alegaram que ocorreu um aborto espontâneo. “Os jovens disseram em depoimento que pertencem a famílias tradicionais conservadoras do interior da Paraíba e Pernambuco e ficaram com medo da descoberta da gravidez. Falaram que foi um momento de desespero. A jovem vai passar por exames para coleta de material genético”.
Uma perícia realizada pelo Instituto de Polícia Cientifica (IPC) confirmou que o corpo não tinha lesões externas. No entanto, outros exames específicos, como na placenta e também no pulmão do bebê, serão feitos para descobrir se a criança nasceu morta ou não.
“Feto ou criança, essa nomenclatura e se nasceu com vida ou se foi um aborto, a gente depende realmente dessa perícia técnica que está sendo produzida no IPC para nos dizer isso: se respirou ao nascer, se já nasceu sem vida, o peso, as medidas, a idade gestacional, se a mãe tomou algum medicamento que induziu, para que a gente primeiro tipifique se pode se tratar de um aborto, ou de um homicídio ou de um infanticídio”, acrescentou a delegada.
O catador de recicláveis que encontrou o bebê disse que, inicialmente, achou que se tratava de um frango, mas depois de olhar bem, viu que era um neném. “Estava sujo e parecia que tinha acabado de nascer”, relatou.
Os estudantes de medicina foram presos, mas liberados em seguida porque não houve situação de flagrante. O caso repercutiu nas redes. “Ricos, estudantes de medicina de uma faculdade particular das mais caras do estado, vocês queriam que eles ficassem presos?”, questionou um usuário.
“Fosse um pobre periférico e preto: cadeia, foto em todo canto, condenação, esculacho”, observou outro. “É impressão minha ou a delegada está tergiversando para passar pano para o casal?”, perguntou um terceiro.
“A imprensa paraibana passou o dia especulando sobre o caso, sedenta para apedrejar a mulher pobre que teria cometido tamanha atrocidade. Aí descobrem que o casal é estudante de medicina e residem e vivem em um dos bairros de mais alto padrão da grande João Pessoa. Não divulgaram nem os nomes e muito menos fotos deles. Será que o casal também é contra o aborto, ou só contra o aborto dos outros?”, publicou mais um.
Fonte: Pragmatismo político