Ainda sem um time local em uma divisão de expressão do Brasileirão, dupla carioca domina torcida dos amazonenses; cidade será local da próxima partida do Brasil
Flamengo contra Vasco na televisão, ruas e bares lotados e nervosismo tomando conta dos torcedores. Logo vem à cabeça qualquer rua do Rio de Janeiro, certo? Não necessariamente. Manaus, palco do próximo jogo da Seleção Brasileira, diante do Uruguai na quinta-feira, pelas Eliminatórias, é marcado por uma forte torcida pelos rivais cariocas.
Uma pesquisa do Datafolha de 2019 indicou que flamenguistas e vascaínos representam 47% da torcida no Amazonas – com vantagem para o clube da Gávea. Em Manaus, contudo, a impressão é de um número maior. Pelas ruas da capital, é bem comum enxergar camisas cruz-maltinas e rubro-negras.
O povo amazonense é apaixonado por futebol. Flamengo e Vasco são os times dominantes na cidade. Muito disto ocorre porque, durante anos, a cidade e o estado não tiveram uma equipe em campeonatos de expressão nacional – algo que está mudando atualmente, já que o Manaus FC é líder do quadrangular de acesso na Série C e busca uma vaga na segunda divisão do Brasileirão.
– O que acontece é que você passa a ter um time a mais para torcer, no acesso do Manaus da Série D para a C, a Arena da Amazônia ficou cheia. Mas ali na arquibancada você via que tinham vários torcedores de Vasco e Flamengo. O Manaus é aquele time que é de todo mundo porque ele representa a cidade e o estado. Mas com certeza os vascaínos não deixariam de torcer para ficar do lado do Manaus caso eles se enfrentassem
Walas é dono da “Paixão Vascaína”, loja de produtos licenciados do Vasco em Manaus. Ele é natural do Pará, mas se mudou há quase uma década para tocar o negócio. Em Amazonas, achou um lar repleto de torcedores que, mesmo longe do Rio de Janeiro, não o fazem perder o calor o dia a dia de um jogo.
– É incomparável. É muito flamenguista e muito vascaíno. Costumo até brincar que flamenguista é igual formiga, dá em todo canto (risos). A diferença é muito pouca. As oportunidades de jogos que já tiveram aqui (na Arena da Amazônia) lotaram. De longe o que mais tem aqui é flamenguista e vascaíno – completou.
CANARINHO EM AÇÃO
As torcidas por Flamengo e Vasco vão ficar de lado pelo menos até a próxima quinta-feira, quando o Brasil enfrenta o Uruguai pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar na Arena da Amazônia. Será o retorno da Canarinho à Manaus desde setembro de 2016.
Por conta da pandemia, apenas 14 mil lugares foram disponibilizados para a partida – número longe da capacidade total do estádio (pouco mais de 44 mil assentos). Dez mil foram colocados à venda, todos já esgotados, enquanto o restante será dado em sorteio para quem se vacinou em Manaus.
Com 28 pontos conquistados em dez jogos, o Brasil tem posição confortável na tabela, com vantagem de 13 pontos para a Colômbia, atual 5ª colocada. Vale ressaltar que ainda terão sete rodadas a serem jogadas – contando com a desta quinta-feira -, ou seja, 21 pontos em jogo.
“MINI-CLÁSSICO”?
Flamengo e/ou Vasco estão envolvidos em três dos dez maiores públicos da história da Arena da Amazônia. Um clássico entre os rivais em 2016, vencido pelo Cruz-Maltino por 2 a 0, é o segundo jogo que mais registrou pessoas na história do estádio: 44.419 presentes.
Essa foi a última vez que as duas equipes se enfrentaram em solo amazonense. Desde então, os clássicos na região são assistidos apenas por televisão – não por isso, vale ressaltar, guardam menos emoção.
– É como se o clássico fosse aqui. A galera vem comprar camisa e tudo. É estranho, né, mas os clientes compram camisa para assistir jogo. Quando tem o clássico a impressão é que está acontecendo aqui. Os bares, pontos de encontros, praças… É como se fosse no Rio de Janeiro mesmo. Tem local que só pode ir flamenguistas, outros fechado para vascaínos. A rivalidade é bem acirrada, é tudo muito forte. Você não vê isso com mais nenhum clássico, esse alvoroço aqui em Manaus é só com Vasco e Flamengo – explicou Walas.
Fonte: Lance